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DIREITA OU ESQUERDA?

  • Foto do escritor: Maria Silvana Alves
    Maria Silvana Alves
  • 21 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

Dentre as muitas lembranças que tenho dos meus filhos da fase da Educação Infantil, uma das que me recordo de forma bem divertida é do meu filho mais velho Gabriel quando confundia, com frequência, a direita da esquerda. Colocava os chinelos e tênis ao contrário e nas reuniões de escola, a professora dizia “localize as atividades de seus filhos sobre as carteiras e sente-se nesse lugar quando encontrá-las”. Pra mim era muito fácil, pois os trabalhos do meu filho mais velho sempre traziam “direita e esquerda” invertidos (principalmente nas colagens dos pés). Mas por que as crianças apresentam essa dificuldade?

Piaget e Inhelder (1980) e Dehane (2012) afirmam que antes dos 7 anos os ninos e ninas ainda estão em processo de maturação neurobiológica e pré-requisitos como noções de lateralidade, ainda estão em construção. Aos poucos, essa habilidade vai sendo desenvolvida e consolidada. No entanto, em algumas crianças – como as que apresentam a dislexia do desenvolvimento - essa habilidade pode ser uma dificuldade até mesmo na vida adulta.

José Antonio Portellano, professor de Neuropsicologia da Universidade Complutense de Madrid, explica que “em geral, esta dificuldade muitas vezes não tem nenhuma causa médica. Assim como existe uma inteligência numérica ou linguística, existe uma espacial e nem todos temos a mesma”.

Apesar de parecer algo bem simples, esse processo demanda uma grande atividade neuropsicológica envolvendo diversas funções como por exemplo, a habilidade de integrar informações sensoriais e visuais, a linguagem, a memória e a concentração e como essas localizações variam sempre que nos movemos, acabam sendo mais complexas do que a identificação de “norte” e “sul”.

“A orientação ‘esquerda-direita’ desenvolve-se em duas fases: a intrapessoal, que permite diferenciar dentro do próprio esquema corporal, e a extrapessoal, encarregada de discriminar estes dois lados noutras pessoas, como num espelho. A primeira fase desenvolve-se por volta dos cinco anos, associada à aprendizagem (ler e escrever) e durante essa época é normal que os professores notem inversões na grafia de letras e números. A segunda ocorre mais tarde, por volta dos nove anos. Normalmente supera-se essa confusão entre a esquerda e a direita, própria da infância, com essa idade. Mas pode persistir em alguns adultos.” (Joan

Deus Yela, professor de psicologia na Universidade Autónoma de Barcelona).

Nas sessões presenciais e virtuais com meus pacientes com dislexia, vamos identificando qual a melhor estratégia e técnica para diferenciar os dois lados. A mão que escreve, a mão que usa o mouse (em caso de ambidestros), o braço em que se usa o relógio, enfim, a que mais se adapta a cada paciente, uma vez que as demandas são muito específicas.

Dessa forma, buscar uma forma para contornar a situação de confusão na identificação de direita e esquerda se faz necessário, porque além de causar “situações de desconforto”, como muitos relatam, podem resultar em outras consequências desastrosas para adultos com dislexia, como no trânsito, por exemplo.


 
 
 

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